09 novembro, 2009

Conversa no alpendre da solidão...


De certa feita conversava com meu coração...
perguntei a ele:
- O que tens?
Andas triste...caminhando a passos lentos e cansados...
Olhos sempre marejados...
Sorrisos, não tem mais...
Bom humor...perdeste...
perdeste o viço...o vigor...
Meu coração respondeu...
- É verdade meu amigo...ando triste, calado...
na vida tenho pensado...
nas promessas que ela me fez....
fui ferido....traído...contrariado....
contrariado pela ausência das promessas...
ando saudoso...
tenho saudades das mensagens no vapor do banho que riscavam o espelho...
tenho saudades do riso solto....fácil....feliz...profundamente feliz...
tenho saudades dos abraços largos..preenchidos...por dentro da blusa....
tenho saudade das madrugadas longas....mas passadas quase imperceptíveis...deliciosamente perdidas num mar de idéias...de carinhos....
tenho saudades do trem...de ouvir o apito...de gritar feito louco batendo acelerado na certeza de estar vivendo um momento inesquecível ao lado de outro que era par....
tenho andado com medo...
de viver pela metade....só meio coração....
ou de viver com uma metade que como num quebra-cabeça mal montado não encaixa direito....
tenho andado pensativo...
penso como a ausência pode ser tão fria....e tão maior que quilômetros físicos de distância...
-Pobre coração! disse a ele...Precisas recostar em algum canto...acalmar....colocar a casa em ordem...deixa as marcas...as feridas....o tempo trata de cuidá-las...caminha....chora...sente...sofre...mas pulsa!! Pulsa rápido...forte...que lá fora a vida te espera...e não promete nada....só te abre os braços...assim..silenciosa a querer-te.
E nesse momento o meu coração apenas calou-se....fez menção de chorar...mas guardou a lágrima doída no canto do olho....sabia que ainda não podia entregar-se assim...precisava calar....um pouco..até quando não sabia...continuou batendo...simplesmente batendo...silencioso...pensativo...medroso....saudoso...saudoso de si mesmo e da parte que perdeu. E apenas ficamos ali...sentados na cadeira de balanço...no alpendre da solidão, a contemplar a lua...eu e meu ferido coração.

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