01 novembro, 2009

Um dia após o outro

Joana chegou cedo em casa aquela noite...precisa trabalhar em seus afazeres mas precisava ainda mais que tudo acessar a net. Isso mesmo acessar a net, porque ali estava sua esperança de vida....sua outra parte...sua metade. Havia tempos reencontrara um amor antigo pela net e reapaixonara-se...verdadeiramente reapaixonara-se....mas nunca encontravam-se pessoalmente, e o mundo virtual já não dava conta de caberem os dois. Ele também pensava nisso, mas tinha seus compromissos, seu senso de realidade, e assim, não se entregava fácil aquele sonho que os acompanhava. Naquela noite Joana banhou-se, perfumou-se como se ele farejasse seu cheiro a quilômetros de distância, como se o computador já tivesse esse recurso tão real. Acessou seu site de comunicação mas ele não estava lá...Joana entristeceu...onde estaria seu amor naquela noite fria? Lembra-se de ter pensado, "talvez ele se aquiescesse nos braços de outra", e desse pensamento veio um ódio e uma raiva incontrolável...porque o mundo era tão injusto e impunha a eles uma distância de corpos tão cruel? horas depois, já pensava em ir dormir...estava cansada, e decepcionada por não estar com ele. A campainha soou, quem seria áquela hora? Meio contrariada resolveu atender, um pouco receosa também....poderia ser uma armadilha...a campanhia soando áquela hora, chovia muito lá fora...e chegava a ser sombrio abrir a porta. Joana resistiu mas abriu, qual não foi seu susto, sua surpresa ao ver ali parado a porta, ensopado da chuva, cabelos molhados, ainda mais bonito que a anos atrás, seu homem, seu amor, sua metade. Surpresa e curiosa, ela balbuciou as palavras menos adequadas que poderiam soar mas as únicas que ousaram chegar a ponta da sua língua, ele como que surdo a tudo não balbuciou palavra nenhuma, nem precisava, tudo que queria era arrebatar aquela mulher com a qual sonhava em todas as noites e todos os dias. Num abraço brusco envolveu-a num beijo ancioso, de quem tem saudade da boca, da língua, do gosto. Empurrou-a para dentro da casa ainda em seus braços, aquelas bocas não podiam se desgrudar um só minuto, a recuperar o tempo adiado. Joana arrancou sua camisa molhada e sentira seu peito quente, só então pode desgrudar da boca para beijar aquele peito desnudo de homem, abraçar, arranhar, sugar ele fizera o mesmo e a tomara como se fosse a última. Num fogo algoz os dois se consumiam, as roupas voavam pelos ares, os corpos se colavam mais e mais, eles se amaram, e se amaram, muitas vezes, como que numa dança frenética o amor acontecia, levando os dois amantes a exultação de seu sentimentos, de seu amor, de sua excitação. Quando da exaustão do corpo e plenitude da alma, ele procurou seu rosto, recostado a seu ombro, aconchegada a seu corpo, olhou fundo em seus olhos e disse as únicas palavras que poderia pronuciar "TE AMO!", ela exaurida de tanta alegria, completa, completa de alma pronunciou o mesmo e adormeceu no abraço quente do seu amor.
De repente Joana acordou no sofá, com a roupa que pusera depois do banho, computador ligado sem nenhum sinal de seu amor, sonhara apenas, não fora real. Joana levantou-se triste, não queria ter acordado, isso significava não estar ao lado do homem que amava, desligou o computador, chovia, poderia cair um raio e queimar tudo. Preparou-se para dormir, apagou as luzes. A campanhia soou. Joana sobresaltou-se seria ele? Olhou por um segundo para a porta, virou as costas, caminhou ao quarto, deitou-se e resolveu dormir, não poderia suportar abrir a porta e não ser ele. Antes de fechar os olhos balbuciou "Boa noite meu amor", e adormeceu.

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Já de manhã Joana acordou num sobresalto....a campanhia tocara novamente, a chuva já não caia mais e um solzinho acalentava a manhã, Joana olhou pelo "olho mágico" mas não viu ninguém, resolveu abrir a porta. Assustou-se com alguém que estava do lado de fora....só sorriu ao ouvir "trouxe seu café da manhã meu amor!".Era ele, inteiro, seco, com sorriso contagiante e acima de tudo real, muito real, para a prova bastava saber que no silêncio da manhã era possível ouvir os corações apaixonados dos dois baterem compassadamente e com sintonia inigualável num abraço apertado.

Escrito em 27/06/09

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