27 outubro, 2009

Desalento

Meus muros caíram
foram derrubados por insensatas promessas de amor
que de tão mágicas devem ser incumpríveis
que de tão atemporais devem existir em outra dimensão
numa vida inócua de tempos e compromissos
mas não aqui
Estou sem proteção
mais uma vez exposta aos tigres da mentira
aos leões da solidão
aos animais pérfidos que espreitam a noite em busca de falta de sorrisos
de falta de vida.
Depois das esquinas se escondem os espíritos sem luz
que buscam levar minha alma para o lado sombrio da infelicidade
querem se aproveitar das minhas decepções das minhas angústias
causadas por pessoas sem coragem para tamanha felicidade tal qual é a de encontrar no semblante de outrem a parte complementar de sua imagem
coragem ausente de se colocar em altar a felicidade maior
mais completa
ante a qualquer outra estabilidade burocrática ou administrativa dessa vida implodida nesse mundo sem gentilezas
Sou um anjo caído
sem vida
sem asas
sem dor
sem lágrimas
sem sonhos
não sou anjo nem humano
sou algo entre a forma pura e o que foi moldado pelas promessas sem valor.
Estou entre a escolha de recondicionar as asas e voar sem olhar para trás
e a espera incógnita dos seres que dantes me levaram para aquela outra dimensão.
O que me é de mais valor
já sei
só me falta a coragem também
pra abandonar o ideal o inventado que alimenta a alma da fera faminta de sonho que há em mim.

Escrito em 08/04/09, publicado em 07/06/09 no Recanto das Letras

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