27 outubro, 2009

A mestranda e o caminhoneiro

Joana acordou cedo naquele dia....tinha tantas coisas a fazer e não podia esquecer de nada!! Sair só de bata seria bem provável naquela incessante loucura que estava a vida dela...não podia arriscar!!Tinha que se concentrar!!Naquele dia Joana saiu a rua, no seu carro meio velho, saiu requintada....perfumada....de baton e cílios bem pintados. Colocou na face seu óculos borboleta, não era um óculos borboleta qualquer, era uma borboleta realmente gigante. No trânsito não reparou, mas estava especialmente charmosa....todos a olhavam, inclusive Juarez...ele estava no carro ao lado e algo o fascinou em Joana, ela olhou...ele olhou e sorriu...ela acelerou o carro e foi embora, era uma mulher fina como poderia dar "bola" a um qualquer no trânsito?? Mas os faróis do destino não deixaram Joana partir, acabou que num desses faróis Juarez arrancou de Joana seu telefone.
Joana terminou seus afazeres e foi para casa, pensativa não achava que fosse possível aquele conto de fadas da zona leste. O telefone tocou, do outro lado era Juarez, voz gostosa no ouvido, jeitão simples de falar. Marcaram encontro, Juarez era caminhoneiro, daquele jeito "homem" que algumas mulheres gostam, mas sem ser grosseiro, pele escura, mãos fortes, quando viu Joana, de pele delicada, vestimenta requintada e palavras difíceis logo se encantou...Juarez a tomou aos beijos e abraços, a quanto tempo Joana não era tomada aos beijos e abraços....aquilo era mesmo um conto, não podia ser verdade que ela tão fina estivesse interessada pelo caminhoneiro. Mas ele tinha "pegada" coisa que aquele ex namorado mauricinho não tinha, não sabia pegar com jeito, apertar com firmeza sem grosseria, beijar daquele jeito. Os dias agora iam passando e Joana ora se esquivava, ora se entregava aos beijos de Juarez, os encontros eram escusos...sempre furtivos...Juarez era homem comprometido, mulher e filhos em casa...mas Joana era uma tentação pra ele, era a princesa do castelo interessada no cuidador das carruagens...
Certo dia Juarez ligou no meio da tarde "Preciso te ver!", Joana estava no meio de sua tese de mestrado, concentrada, compenetrada em suas pesquisas elaboradas...mas quando ouviu aquela frase tudo que pensava era em Juarez, minutos depois ela ligou "Estou indo!".
O encontro tórrido foi numa rua deserta, Juarez convidou para conhecer a boléia do caminhão, num minuto lá estava Joana, dentro da boléia com cortininhas pretas e dados gigantes e coloridos pendurados no retrovisor, no meio de uma rua deserta, sendo tomada nos braços por um caminhoneiro chamado Juarez que a amava com todo o desejo que um homem pode ter por uma mulher, lá estava Joana, nem pensava na classe, na finess, no requinte....naquele momento tudo que queria mesmo era a aventura...a emoção...e o caminhão do Juarez.
Chegou em casa renovada, lá veio o gato deitar no seu colo como sempre, foi ao espelho, olhou-se, sentia-se viva...de pele bonita...até parecia mais jovem! Jogou-se na cama e gargalhou, ficou imaginando o que pensariam suas amigas se vissem a cena...deu de ombros, não queria saber...uma frase passou na sua cabecinha distraída, "bendito seja o trânsito de São Paulo!!", riu-se e foi de volta a escrivaninha mergulhar no seu mundinho intelectual.


Escrito em 12/05/2009

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